quinta-feira, 29 de maio de 2008

Entrevista a José António

A equipa de iniciados do SC Beira-Mar terminou o campeonato no 7º lugar, registando 18 vitórias, 1 empate e 11 derrotas nos 30 jogos oficiais disputados. José António, treinador da equipa, faz o balanço deste campeonato e uma análise geral ao trabalho que tem sido desenvolvido pelo clube ao nível da formação.
-
A equipa de iniciados teve um início de época conturbado. Primeiro, a ausência de atletas suficientes para formar o plantel, que levou a secção a apostar nalgumas soluções de captação que produziram bons resultados, conseguindo que aparecessem muitos miúdos. Depois, o treinador Gil Balseiro comunicou a sua indisponibilidade para continuar no comando técnico da equipa. Até que ponto é que estes contratempos acima mencionados condicionaram a preparação da época?
Não foi fácil. Quando se começa uma época com pouco tempo para preparar uma equipa e, ainda por cima, com poucos jogadores para poder efectuar um trabalho sério, as coisas são muito complicadas e por vezes desmotivadoras, tanto para os atletas como para os técnicos. Depois, a mudança de treinador também veio complicar a já de si difícil tarefa de formar uma equipa, porque os atletas já estavam habituados ao Gil, que é uma referência no clube, e de repente aparece-lhes um estranho, com outros métodos, o que fez com que tudo voltasse ao início e fosse necessária uma nova adaptação.
-
Como é que foram os teus primeiros dias de trabalho com o plantel?
Foram muito complicados. Primeiro, porque fui substituir o Gil que era um atleta do clube e uma referência para os miúdos. Depois, porque para mim também era uma experiência nova pois nunca tinha trabalhado com miúdos desta idade. A nível psicológico vi que os miúdos encararam a mudança com alguma apreensão e foi necessário gastar mais algum tempo do que já não havia porque o campeonato já ia na 2ª jornada, até conseguir conquistar a confiança deles. No início, os treinos foram difíceis, com poucos jogadores, nenhuns hábitos de trabalho, nenhuma formação a nível de futsal, pelo que, foi necessária muita paciência até conseguir alcançar algum resultado nos treinos.
-
Ao longo da época, a equipa revelou alguma irregularidade exibicional, oscilando jogos muito bons com outros menos conseguidos…
Isso é verdade. Essa foi uma das coisas que mais me intrigou durante toda a época e que me deixava a pensar. Hoje atribuo essa irregularidade à própria idade dos atletas. Estes jovens não tinham mentalidade competitiva, os níveis de concentração eram muito baixos e eu verificava isso, não só nos jogos, como nos treinos, onde muitas vezes era necessário repetir exercícios até à exaustão para que conseguissem assimilar alguma coisa. Existem ainda outros factores que influem no rendimento dos miúdos, como o insucesso escolar, as primeiras namoradas, as relações familiares, etc.
Mas o factor preponderante esteve na qualidade dos nossos adversários. Os meus atletas eram razoáveis tecnicamente, sabiam jogar, mas os seus índices físicos estavam muito limitados. Não tinham velocidade, nem agressividade e quando nos apareciam equipas que corriam muito ou eram duras a jogar, nós sentíamos muitas dificuldades em jogar.Apesar de tudo, a equipa foi evoluindo em todos os capítulos e estou em crer que, se fosse hoje disputar o mesmo campeonato, ia de certeza conseguir uma melhor classificação. Todos os jogadores melhoraram de qualidade e estão mais fortes e muito melhor preparados, o que era o meu objectivo principal.
-
Sentes que os jogadores e a própria equipa evoluíram ao longo da época?
Os resultados provam-no, embora eu continue a pensar que ficamos aquém do esperado.
Se os atletas fossem mais dedicados, tivessem aproveitado melhor os treinos e se esforçassem mais, poderiam estar ainda melhor. Os próprios pais que nos acompanharam sempre e com os quais mantive uma óptima relação, sentem isso e foram os primeiros a reconhecer e a felicitar-me pelo trabalho efectuado. Além de termos construído uma equipa, ganhámos também mais adeptos e foi bonito ver ao longo da época o grupo de apoiantes que se foi formando e crescendo, jornada após jornada, e o convívio e a amizade que se gerou entre todos.
-
Na próxima época vais orientar os juvenis onde estarão alguns dos atletas que trabalharam contigo esta época nos iniciados. Que juvenis se perspectivam?
Embora goste de trabalhar a formação, sinto-me muito mais motivado se tiver outros objectivos porque lutar. Estou a tentar construir uma equipa que possa lutar pelo título distrital e competir a nível nacional. Este ano, os juvenis perderam o título nas últimas jornadas. Na próxima época teremos bons atletas de segundo ano e com os que sobem comigo e mais alguns que já estou a procurar vamos, com certeza, lutar pelo primeiro lugar.
-
Como avalias o trabalho que tem sido desenvolvido na formação?
Tivemos um título distrital em juniores na época passada. Esta época não correu da melhor forma porque tanto os juvenis, como os juniores, deixaram fugir o título nas últimas jornadas. Nos juniores, que também acompanhei de perto, éramos claramente a melhor equipa a jogar futsal, aliás, como foi reconhecido pelos nossos adversários. Aproveito para dar aqui os parabéns ao Luís Silva pelo excelente trabalho realizado ao longo destas três épocas no Beira-Mar. Tive um prazer enorme em ter colaborado com ele neste anos e custa-me vê-lo deixar o clube. Sem qualquer menosprezo por todos os outros técnicos que trabalham na formação, penso que todos ficamos a perder com a sua saída.
O facto de termos já vários jogadores a integrar a formação sénior e de haver vários clubes interessados nos jogadores que este ano concluíram a sua etapa na formação mostra, por si só, a qualidade do trabalho que tem sido realizado.
-
Achas que o Beira-Mar tem condições para, dentro de poucos anos, ter equipas competitivas, a disputar os principais escalões do futsal português maioritariamente constituídos com a «prata da casa»?
Não é fácil prognosticar isso. O Futsal é uma modalidade em constante desenvolvimento e cada vez é mais difícil atingir os lugares de topo, pois os grandes clubes, com outro suporte financeiro, vão tomando conta deles. Mas para as equipas mais carenciadas, não hajam dúvidas que esse é o caminho a seguir e essa tem que ser a aposta futura. Temos tido a sorte de conseguir bons atletas em todos os escalões, porque o Beira-Mar é o clube mais representativo do nosso distrito e todos os jogadores sentem um orgulho especial em vestir esta camisola.
Agora, para continuar a cativar atletas, é necessário dar maior atenção à formação. É necessário investir em material para proporcionar melhor qualidade de treino e investir mais horas na formação.
-
Uma mensagem final…
Para a claque dos Auri-Negros que aprendi a admirar pelo apoio incondicional que dão ao seu Beira-Mar. Quer as equipas ganhem quer percam eles estão lá sempre prontos a aplaudir e a apoiar o seu clube do coração.
Um voto de louvor à Direcção pelo excelente trabalho realizado até aqui e não é com certeza por uma época menos feliz a nível sénior que o seu trabalho vai sair desvalorizado.
Para todos os adeptos e simpatizantes do Beira-Mar e todos os aveirenses em geral, para que não deixem de apoiar o clube, para que apoiem a modalidade do futsal e encham o pavilhão fazendo de cada jogo uma verdadeira festa.

1 comentário:

Anónimo disse...

É isso grande Zé.
É com orgulho que saio do clube e vêjo pessoas como tu a continuar com o mesmo entusiasmo com que começamos. Penso que fizemos de facto um bom trabalho e quero agradecer por teres estado sempre ao meu lado. Para o que precisares e com amizade, grande abraço.
Luis Silva